"Crescer para baixo"

Jardins enquanto espaços transformadores

Centrada na ideia de jardim – não como referência, mas como expressão, quer experiencial quer performativa –, a exposição do Território #9 revela a passagem do tempo através de imagens visuais, auditivas e olfativas, desdobrando-as em ambientes que ecoam desafios ecopolíticos atuais.
Reluctant Gardener tem a curadoria de Sofia Lemos e reúne obras de Álvaro Urbano, Ariel Schlesinger, Nina Canell e Rei Naito, entre escultura, instalação, fotografia, vídeo e som.
Neste microsite entramos no "jardim" lado a lado com a curadora numa visita comentada a algumas das obras em exposição.

Reluctant
Gardener: o início

Duas toneladas e meia de conchas

Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell
"São conchas que são utilizas como material de construção. São arrastadas do fundo do mar como prática industrial de grande escala em vários países da Europa. A Nina Canell [autora da obra] na primeira vez que teve contacto com esta indústria foi no mar báltico, norte da europa, entre Alemanha e os países escandinavos, onde ela tem uma casa de férias. Durante os seus passeios refletia sobre esta noção de tempo geológico, como entender a nossa relação com o passado muito longíquo, que tem impacto sobre o nosso presente. Da mesma maneira que o nosso presente, impacto futuro geológico. Pensando sobre esta questão, deu-se conta que ao caminhar sobre estas conchas, há de facto uma relação corporal muito específica, que é feita através do som, do esmagar. E percebeu que este processo que estamos agora a viver, é o mesmo processo usado a nível industrial. Portanto estas conchas são arrastadas do fundo do mar, são esmagadas, convertidas numa espécie de pó, utilizado depois no material de construção. Construção de quê? muitas vezes dos próprios solos das galerias e museus onde ela exibe as suas esculturas. (...)"
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.
Vistas de instalação de Muscle Memory (2,5 tonnes), 2021/25, de Nina Canell. © Vera Marmelo.

Matéria de trabalho: o subtil 

Sem título/ Untitled, 2024, de Rei Naito
Vistas de instalação de Sem título/ Untitled, de Rei Naito. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Sem título/ Untitled, de Rei Naito. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Sem título/ Untitled, de Rei Naito. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Sem título/ Untitled, de Rei Naito. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Sem título/ Untitled, de Rei Naito. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Sem título/ Untitled, de Rei Naito. © Bruno Lopes.
"Apesar de parecer extremamente simples [a obra] é de um precisão extrema. A água está colocada a um certo nível, a jarra está virada de uma certa maneira, há x centímetros entre uma e outra. A ideia de construir esta peça de mobiliário, este display, foi criar uma monumentalidade para algo que é frágil como seja uma flor, água e uma pedra e de poder criar um espaço de reflexão e contemplação, de presença. (...)"

Pássaros encontrados em vários jardins pelo mundo

It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger
"A primeira vez que a [obra] encontrei há uns anos fiquei relutante. Conversando com o Ariel fui percebendo como é que esta obra fala de uma dimensão da sua prática que tem muito que ver com a sua própria vivência como artista que cresceu em Jerusalém. Ele deixou Jerusalém com 16 anos, mas que viveu em território ocupado, palestino, como cidadão israelita e que conviveu com este constante espectro de violência que persiste nesta geografia. É um espectro quase que vagueia entre ansiedade e o receio de atos de violência, mas atos também de celebração de vida."(...)
Vistas de instalação de It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de It’s always somebody’s bones, 2024, de Ariel Schlesinger. © Bruno Lopes.

Como pensa o fogo

How fire thinks, 2019, de Ariel Schlesinger

"Quisemos trazer o vídeo como também elemento representativo dessa prática que ele tem de explorar o fogo como, outra vez, este elemento que vagueia dois estados. O estado da destruição e da criação.”

Vistas da instalação de vídeo “How fire thinks, 2019”, de Ariel Schlesinger. © Vera Marmelo.
Vistas da instalação de vídeo “How fire thinks, 2019”, de Ariel Schlesinger. © Vera Marmelo.
Vistas da instalação de vídeo “How fire thinks, 2019”, de Ariel Schlesinger. © Vera Marmelo.
Vistas da instalação de vídeo “How fire thinks, 2019”, de Ariel Schlesinger. © Vera Marmelo.

Magnólia

Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano
"Uma magnolia e uma árvore de romã. Ambos em período de floração. São duas esculturas em metal, pintadas à mão. Uma planta que assumimos algo que move com o vento, que se vai replanteando com o tempo, aqui aparece absolutamente estática, enquanto que a bolsa de chá, típica que colocamos nos nossos rituais de fim de dia ou começo da manhã, aqui aparece cheia de vida. Talvez não pensemos na bolsa de chá como esse lugar tão cheio de vida como aqui representado na escultura da Nina Canell (...)."
Vistas de instalação de Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano; Days of Inertia, 2024 e Tea Leaf Paradox, 2024, de Nina Canell. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano; Days of Inertia, 2024 e Tea Leaf Paradox, 2024, de Nina Canell. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano; Days of Inertia, 2024 e Tea Leaf Paradox, 2024, de Nina Canell. © Bruno Lopes.
Vistas de instalação de Granada Granada (Magnolia, Granado), 2023, de Álvaro Urbano; Days of Inertia, 2024 e Tea Leaf Paradox, 2024, de Nina Canell. © Bruno Lopes.

Sobre Sofia Lemos

Sofia Lemos é curadora e escritora cujo trabalho aborda as interseções entre arte, performance e discurso, com foco sustentado em ecologia e prática crítica. É curadora da Contour Biennale 11 em Mechelen, Bélgica, em 2026.

De 2021 a 2024, Lemos foi curadora da TBA21—Thyssen-Bornemisza Art Contemporary, onde lançou um programa centrado em práticas ecológicas e comunitárias, encomendando novos trabalhos e reunindo artistas, performers e pensadores. Entre 2018 e 2021, atuou como curadora de programas públicos e pesquisa na Nottingham Contemporary, onde desenvolveu projetos ao vivo e colaborativos, incluindo o Sonic Continuum, de vários anos, explorando o som e sua relação com a mudança social.

Lemos foi curadora associada da 2ª Bienal de Riga (2020), curadora visitante na Galeria Municipal do Porto (2017-18) e parte da equipa curatorial da Contour Biennale 8 (2017). Ela editou Reluctant Gardener (a ser publicado pela Bom Dia Books, 2025), Meandering: Art, Ecology, and Metaphysics (Sternberg Press, 2024), Sonic Continuum (Nottingham Contemporary, 2021) e Metabolic Rifts (Anagram, 2019, com Alexandra Balona). Lemos dá palestras regularmente e contribui para publicações internacionais, incluindo e-flux criticism, Frieze, Mousse e Spike.

Fidelidade Arte | “Reluctant Gardener" Curadoria Sofia Lemos
FICHA TÉCNICA
Exposição 
Fidelidade

DIREÇÃO DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS E RESPONSABILIDADE SOCIAL
Teresa Ramalho, Teresa Campos

Culturgest

TERRITÓRIO PROGRAMAÇÃO
Bruno Marchand

COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO
Sílvia Gomes

ARTISTAS
Álvaro Urbano, Ariel Schlesinger, Nina Canell, Rei Naito

CURADORIA
Sofia Lemos

PRODUÇÃO
Denise Cunha Silva, Fernando Teixeira

MONTAGEM ASSEMBLY
SGLDA

DESIGN GRÁFICO GRAPHIC DESIGN
Sofia Gonçalves

ASSISTENTES DE SALA
Frederico Almeida, Rita Catarino

Microsite

FOTOS
Vera Marmelo, Bruno Lopes

EDIÇÃO
Carolina Luz

REVISÃO DE CONTEÚDOS
Catarina Medina

DESIGN E WEBSITE
Studio Macedo Cannatà & Queo