Talvez saibamos de onde vem Rui Reininho, mas a dúvida que mais nos inquieta é sabermos para onde vai, e para onde nos leva. No ano em que celebra o 40º. aniversário desde que se juntou ao GNR, Reininho surpreende-nos organizando uma outra festa, bem diferente, em local longínquo e de difícil acesso. Para chegar a “20 000 Éguas Submarinas”, o caminho mais curto não é através do seu álbum a solo anterior "Companhia das Índias", de 2008, mas, porque não?, recordando algumas das experiências que emanou no início da sua carreira com Jorge Lima Barreto em Anar Band, no final dos anos 70. Mas Reininho tanto volta à inquietude do passado como refaz o seu próprio presente pop fazendo canções diluídas em instrumentais sem forma reconhecível, deixando que cada composição crie as suas raízes e histórias, estejam elas envoltas no silêncio nas profundezas dos mares, no marulhar das ondas nos rochedos ou nas vibrações no topo das montanhas do Tibete. Um mundo inteiro hodierno imaginado por Rui Reininho, concretizado com a ajuda insubstituível de Paulo Borges e pronto para ser descoberto no palco da Culturgest com a ajuda de muitos dos seus companheiros desta surpreendente e, claro, surreal incursão pelo desconhecido.