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A VIDA MAIOR QUE O TEMPO

LONGEVIDADE:
IMPLICAÇÕES SOCIAIS

Estamos a viver mais tempo, mas com que qualidade? Como nos imaginamos a viver os nossos anos mais longevos e em que condições?
 

A longevidade deve ser globalmente saudável, acompanhada e envolvida na sociedade, seja pelo trabalho, ação comunitária ou inclusão na dinâmica familiar. Uma boa vivência da longevidade implica pensões ou salários adequados, aceder a cuidados de saúde ou promover a pertença social e ambientes favoráveis a quem vive mais tempo. 
 

No segundo dia deste ciclo exploramos as dimensões sociais e económicas de viver mais anos e os respetivos desafios e conquistas para a sociedade. Qual o seu impacto na empregabilidade ou na sustentabilidade social? E a importância dos fatores externos como o país onde nascemos, o ambiente em que vivemos ou os nossos comportamentos?

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  • Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (IST)
    Nova SBE Health Economics and Management KC

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LONGEVIDADE: IMPLICAÇÕES SOCIAIS
3 JUN 2020 14:00–18:00

Português + Língua Gestual Portuguesa LGP
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Idade sem Limite
 

Quantos anos temos, afinal?

A idade hoje já não explica nada. As nossas opções individuais estão cada vez menos ligadas a uma idade cronológica. O relógio da idade foi ultrapassado por vivermos de acordo com os nossos desejos em vez da noção de etapas sociais.

Supercentenário

Ana Sepúlveda


Se antigamente se falava na terceira idade, hoje fala-se cada vez mais na quarta idade, nos centenários e nos supercentenários, aqueles que têm 100 ou mais anos, mas cujo organismo é tão novo como o de pessoas com 90, 80 ou 50 anos.
Em tempos idos, com menos longevidade, menos tecnologia e com mais estabilidade e níveis maiores de certeza, era possível fazer uma associação direta entre intervalos etários e estádios de vida. Tanto na gestão como no marketing, por exemplo, sabia-se com enorme probabilidade que uma pessoa por volta dos 20 ou 25 anos estava a iniciar a constituição da sua família. Por volta dos 40 anos, estava a atingir o topo da sua vida profissional para aos 60 se reformar e aguardar a chegada do fim da vida aos 70 anos. Isto hoje não podia ser menos verdade, já não temos estádios de vida fixos e que correspondam a intervalos etários determinados.

“A idade tem de deixar de ser um atributo determinante para definir o valor social da pessoa: possuímos idades múltiplas.”

Maria João Valente Rosa
FCSH, Universidade Nova. Comité Consultivo Europeu de Estatística (ESAC)
 

A idade sem razão

Maria João Valente Rosa


A idade cronológica continua a ser um problema. Não porque seja uma evidência – pois tê-la é condição necessária para estarmos vivos – mas pelo uso abusivo e erróneo que dela fazemos enquanto coletivo.
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O tema do envelhecimento populacional praticamente desconsiderado no Portugal dos anos 80 do século passado, passou a estar na ordem do dia, dada a sua interferência nos vários domínios da vida, quer dos indivíduos, quer das famílias e das comunidades, quer ainda dos poderes públicos ou das organizações. (...)
Habitualmente, o grupo “idosos” corresponde à categoria etária dos 65 ou mais anos, critério utilizado por organizações nacionais e internacionais já em meados dos anos 1940. De lá para cá, as pessoas estão diferentes e a sociedade mudou. Por isso, esta métrica fixa, herdada do passado, para classificar o grupo “idosos”, associando-o à situação dos 65 ou mais anos, faz cada vez menos sentido.
(...) Alguns demógrafos da atualidade têm procurado encontrar propostas alternativas – rigorosas e adaptadas aos diferentes contextos sociais – para classificar o grupo dos idosos. Uma dessas sugestões passa pela utilização da idade prospectiva ou remanescente, determinada em função, não do número de anos que já se viveu, mas do número de anos que é expectável ainda viver. A aplicação desse princípio resulta numa leitura bem diferente do processo de envelhecimento demográfico. Em Portugal, por exemplo, os 65 anos, em 1960, equivalem aos 72 anos atuais, e os 15 anos, em 1960, equivalem aos 24 anos de hoje. Com base na adoção destas “balizas” etárias, podemos concluir que, comparando com o ano de 1960, a população de Portugal envelheceu, sim, mas não tanto como habitualmente se diz!
Para além das categorias estatísticas, é igualmente crítico questionar o valor social que a sociedade continua a atribuir à idade cronológica dos indivíduos. A este propósito, poderiam ser referidos inúmeros exemplos, como a regra da reforma por limite de idade, para os funcionários públicos, aos 70 anos. Porquê aos 70 anos? O que muda numa pessoa, quando celebra o septuagésimo aniversário, em termos de capacidades ou interesses? A resposta habitual é que nada se altera, mas que é necessário encontrar um critério uniformizador e que este vale tanto como qualquer outro. (...)
Existe, assim, uma espécie de pacto coletivo silencioso relativo à (in)capacidade dos mais velhos, traduzido na possibilidade de discriminação da pessoa em função do seu ano de nascimento. (...)
Em suma, o envelhecimento demográfico não aconteceu por acaso. Mergulha as suas raízes em avanços sociais profundos. O mal-estar social que este processo está a causar não tem, por isso, origem na demografia, mas na enorme incapacidade da sociedade em se adaptar à nova configuração etária da população e de se repensar a forma como os indivíduos se relacionam com o trabalho, com a aprendizagem, com o descanso e com o lazer, áreas que devem estar presentes ao longo de toda a vida e não segmentadas socialmente em função de barreiras etárias: fase de formação, fase de trabalho, fase de lazer e reforma. Nesta equação complexa, a idade cronológica continua a ser um problema. Não porque seja uma evidência – pois tê-la é condição necessária para estarmos vivos –, mas pelo uso abusivo e erróneo que dela fazemos enquanto coletivo. (...) A insistência nessa prática de uso da idade cronológica, ou a ausência de preocupação com o que representa a desvalorização social de se ser mais velho, é reveladora de uma enorme insensibilidade à mudança social. O resultado é o desperdício de capital humano para as sociedades que envelhecem, as quais contam com pessoas muito diferentes das do passado, e que se pautam pelo conhecimento (valor variável consoante as pessoas e que não diminui necessariamente com a idade) enquanto dimensão-chave da sua riqueza. (...)
Importa, assim, inovar nos caminhos a seguir, incluindo encontrar novas métricas para avaliar a evolução do perfil etário da população, e encontrar substitutos da idade cronológica enquanto critério de valor coletivo dos cidadãos, pois “não é a espécie mais forte que sobrevive, nem mesmo a mais inteligente; mas a que reage melhor à mudança”. Charles Darwin dixit.
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Economia da Longevidade

 

Em que sociedade queremos envelhecer?

A sociedade vai ter de se reinventar. A manutenção de uma capacidade produtiva e aquisitiva por parte das pessoas mais velhas gera uma nova área que se vai impor: a economia da longevidade. 

“O tema do envelhecimento torna-se crítico dada a dimensão do seu impacto. Uma coisa é ter uma sociedade preparada para uma maioria de jovens e outra é ter uma sociedade preparada para uma maioria composta por adultos tendo muitos deles mais de 70 ou 80 anos de idade.”

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Da mesma forma que as alterações climáticas alteram a nossa realidade, a das empresas e das sociedades, neste século XX também o envelhecimento das populações está a ter um impacto com enormes repercussões nas pessoas, famílias, negócios, cidades e relações de poder entre as nações. Globalmente, considero que o primeiro grande marco no processo de conversão do mundo num espaço amigo dos mais velhos dá-se em dezembro de 1991, quando a ONU publica o documento na área dos direitos humanos para a sua proteção. No entanto, é em 2002 que se dá o primeiro grande passo no desenvolvimento daquilo que hoje considero ser a economia da longevidade, com o framework para o envelhecimento ativo, criado pela Organização Mundial de Saúde, a mesma que seis anos mais tarde lança o Guia para as Cidades Amigas dos Idosos. Dezoito anos mais tarde, as sociedades evoluíram de uma forma fantástica com a economia da longevidade tida como um dos grandes pilares de crescimento da economia mundial. (...) A partir do momento em que se verifica a consolidação da tendência do envelhecimento das populações, a atenção centra-se na sustentabilidade das economias e na procura de minimizar os impactos negativos, como a exclusão social, o desemprego e o decréscimo económico das pessoas e dos países. (...)
Os mais velhos são colaboradores valiosos que devem ser respeitados e que geram grandes oportunidades de crescimento económico para os países da União Europeia. Estimativas da Associação Americana de Pessoas Reformadas (AARP) referem que, em 2018, a economia da longevidade representou um crescimento económico na ordem dos 7,6 triliões de dólares norte-americanos e que, em 2050, deverá representar um total de 27,5 triliões de dólares, equivalendo a um total de 60% do consumo. (...)
O desenvolvimento de métricas para avaliar a capacidade das pessoas em gerirem a sua própria longevidade, de forma positiva e sustentada, bem como para medir a capacidade dos países em promover o envelhecimento sustentado (ver, por exemplo, o Active Age Index) constituem prova da crescente e contínua valorização da longevidade como um benefício. Por essa razão, a longevidade é cada vez mais um bem pessoal, económico e social no qual todos devemos investir.
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Ana Sepúlveda sobre Economia da Longevidade

Reforma, assistência social, serviços de saúde e emprego: quais os desafios à longevidade?

Asghar Zaidi

 

Tomemos como exemplo o provimento de uma pensão de reforma adequada. Uma pensão melhor dá mais segurança e capacita as pessoas de idade a viver vidas mais plenas e participativas. Penso que Portugal está entre os países que precisam de melhorar a atribuição das pensões de reforma, tornando-as mais adequadas para a população idosa.
E isto é verdade, em particular, no que diz respeito às pessoas com um histórico laboral intermitente, que não foram capazes, ao longo da vida, de acumular abonos à sua pensão. É necessário assegurar uma pensão mínima a estas pessoas no momento da sua reforma.
De modo semelhante, quando se aborda a saúde e a assistência social, constatamos que os serviços de assistência médica são razoavelmente bons em muitos países – Portugal  tem, certamente, um bom sistema nacional de saúde –, mas o verdadeiro desafio reside na assistência social. Até que ponto é que a assistência social prestada pelas autoridades públicas está a satisfazer as necessidades das pessoas de idade? 
Na Grã-Bretanha, por exemplo, debatemo-nos com um grande desafio na prestação local de serviços de assistência social adequados, e é por isso que, por vezes, esta falta acarreta encargos adicionais ao sistema de saúde. Impõe ao Sistema Nacional de Saúde uma sobrecarga decorrente da falha em assegurar a assistência social adequada.
Olhando para outros aspectos deste problema, temos, por exemplo, o emprego. Existe um factor de discriminação no mercado de trabalho que leva a que os empregadores excluam trabalhadores mais velhos. E Portugal é um daqueles países onde uma pessoa com mais de 50 ou 55 anos, que perca o seu emprego, tem grande dificuldade em voltar ao mercado de trabalho. Estes também são aspectos relacionados com ambientes “amigos da idade” que é necessário melhorar. É necessário eliminar todo o tipo de discriminação associada a um preconceito assente na idade que exista na sociedade.
Outro obstáculo que ocorre é a própria auto-estima das pessoas de idade, já que tendem a acreditar que têm direito à sua pensão e que precisam de a requerer o mais cedo possível, em vez de se manterem mais tempo no mercado de trabalho. Estas pessoas também tendem a não lutar pelo seu direito à oportunidade de uma participação mais plena na sociedade.
Observa-se, sobretudo nos países do sul da Europa, que as pessoas se reformam cedo demais, e na primeira oportunidade que lhes surge. Mesmo que isso aconteça à custa de pensões baixas, e de as pessoas não terem a oportunidade de se tornarem participativas em actividades de voluntariado, e noutras, poderiam ao menos preservar a sua produtividade e a sua saúde.

Desafios e Oportunidades

 

Como preparar o futuro?

Na União Europeia, em 2018, os indivíduos com 65 ou mais anos já representavam 19% da população e Portugal estava no top 3 dos países mais envelhecidos.

O que perde uma sociedade que exclui os mais velhos?
Maria João Valente Rosa, investigadora

“Olhando para as idades mais avançadas, o desafio maior é o garante da qualidade de vida dos indivíduos, que podemos decompor em múltiplos subdesafios. Neste artigo focamos dois deles.”

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O primeiro prende-se com a perda de autonomia que acompanha o processo de envelhecimento. À medida que envelhecemos e vemos a nossa capacidade física e cognitiva diminuir, passamos a necessitar de ajuda com as atividades da vida diária, que pode ir desde a toma de medicamentos ou a lida da casa, até para tomar banho ou se alimentar. A ajuda com este tipo de necessidades, que tipicamente é permanente, é chamada de cuidados de longa duração. Na UE, estima-se que 23 milhões de pessoas necessitavam de tais cuidados em 2016, e estima-se que, em 2040, o número aumente para cerca de 32 milhões. No que diz respeito à despesa, os cuidados de longa duração já representavam 1,6% do PIB da EU, em 2016, e podem vir a representar 2,2%, em 2040 (UE 2020).
Os cuidados de longa duração incluem principalmente aqueles prestados em lares de terceira idade, por equipas de assistência domiciliária e, sobretudo, por familiares (denominados cuidadores informais). A dependência da ajuda de familiares, tipicamente do parceiro ou de filhos adultos, é particularmente comum nos países do sul, como Portugal. Entre outros, a prestação de cuidados informais tem um impacto negativo na saúde do cuidador e na sua capacidade de participar no mercado de trabalho (p. ex. Bom et al. 2019, Jacobs et al. 2016). Resumindo este primeiro subdesafio, para garantir a qualidade de vida das pessoas mais velhas é preciso responder à questão: como satisfazer as suas necessidades de cuidados à medida que perdem a sua autonomia? A resposta envolve várias considerações, entre elas as preferências dos indivíduos (por exemplo, receber cuidados em casa versus mudar-se para um lar), o financiamento dos cuidados de longa duração (por exemplo, misto de dinheiros públicos e privados) ou os impactos para os próprios e para os seus cuidadores (na saúde, qualidade de vida, bem-estar económico, participação no mercado de trabalho).
O segundo subdesafio que foco é como lidar com a solidão. A solidão está associada a um envelhecimento não saudável, com resultados de saúde negativos, como a qualidade de vida está relacionada com saúde e mortalidade (p. ex. Luo et al. 2012). Infelizmente, a solidão é muito comum nos países ocidentais onde até 40% dos adultos mais velhos reportam sentirem-se solitários em dado momento (Savikko et al. 2005). A prevalência da solidão é ainda maior nos países do sul da Europa (Sundstrom et al. 2009, Vozikaki et al 2018). Embora seja reconhecida como um problema de saúde pública, sabemos muito pouco sobre os fatores que desencadeiam este estado bem como os que podem ajudar a sair dele (Mihalopoulos et al. 2019). Saber mais é crucial para podermos desenhar intervenções a fim de prevenir ou mitigar a solidão.
Entre os fatores que conduzem à solidão encontramos eventos da vida, como a entrada na reforma ou a perda do parceiro. Do outro lado, certas intervenções, por exemplo a prática regular de exercício físico, a integração em novas atividades sociais ou culturais ou a receção de cuidados formais (como assistência domiciliária), podem ajudar a atenuar a solidão. Perceber quais destes fatores, enunciados a título de exemplo, desempenham um papel no desencadear ou no abandono de um estado solitário é crucial para informar onde e como atuar, quer do ponto de vista individual, quer do ponto de vista de intervenção e políticas públicas. A resposta à questão "como combater a solidão, nomeadamente entre os membros da nossa sociedade em idades mais avançadas?” é também uma componente essencial na garantia da qualidade de vida dessas pessoas. (...)
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Cuidar dos mais velhos: Portugal ensaia passos positivos, mas não escapa ao drama que a COVID-19 revelou
Judite Gonçalves
Faculdade de Economia, Universidade Nova

O que é, exatamente, uma vida socialmente comprometida?


 

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Essa é uma excelente pergunta, já que se pode pensar em imensas formas de as pessoas de meia-idade, e também mais velhas, viverem uma vida socialmente comprometida.
Uma dessas formas é trabalhar mais, i.e., não ir para a reforma na primeira oportunidade. Em vez disso, procurar uma maneira de ter um emprego formal mais tarde na vida. Mesmo fora do mercado de trabalho, é possível fazer imensas coisas que nos tornam produtivos em sociedade. Uma das coisas mais importantes é ser interactivo e estar envolvido na vida familiar. O papel de avós, por exemplo, não só é uma grande fonte de prazer e de felicidade, como comporta os mesmos benefícios de envolvimento social que se teria num emprego. Outra forma de envolvimento social é fazer voluntariado. Tenho bons amigos que se tornaram mais activos depois da reforma do que quando estavam a trabalhar; e isto porque encontraram oportunidades de dar o seu contributo à sociedade de maneiras diferentes, e assim, por escolha sua, mantiveram-se activos e envolvidos.
Estas são formas comuns pelas quais as pessoas mais velhas podem viver uma vida socialmente comprometida, que traz benefícios à saúde. Sabemos que as pessoas mais envolvidas, e mais interactivas do ponto de vista social, são capazes de viver uma vida melhor, mais saudável e mais gratificante.
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Asghar Zaidi
vice-chancelor da Government College University, investigador sénior no Instituto de Envelhecimento Populacional de Oxford

Olhar o Mundo
 

Qual é hoje o nosso ponto de partida?

Podemos olhar o mundo e tentar perceber o que nos ensinam as diferentes estratégias de apoio ao envelhecimento ativo. Como se vive uma vida longa e com qualidade noutros países e o que podemos aprender com isso?

Ambientes amigos da idade

Asghar Zaidi


Quando falamos de envelhecimento ativo, queremos viver num mundo no qual vivemos mais, mas onde somos capazes de uma vida independente e auto-suficiente. Sem dependência da família, com uma dependência menor de recursos públicos, para viver dessa maneira por tanto tempo quanto possível. E para que tal aconteça, precisamos de uma melhor reforma, melhor acesso à saúde e à assistência social, ou seja de ambientes “amigos da idade”.
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Fizemos este trabalho [de aplicação dos indicadores do Índice do Envelhecimento Ativo] pela primeira vez para a Comissão Europeia, para os 28 países da União Europeia, mas depois estendemos o estudo aos EUA e também ao Leste Asiático, nomeadamente à China, Japão e Coreia do Sul. E a ideia era perceber até que ponto se poderia reunir informação a partir de regiões, culturas, e estilos de vida diferentes. No artigo que saiu em Dezembro de 2019, no Journal of Asian Sociology, constatamos que alguns países, por exemplo, países rapidamente emergentes como a Coreia do Sul e a China, estão a focar-se mais em questões como a do emprego. Estes países têm proporcionado oportunidades de trabalho para grupos de pessoas em pleno envelhecimento, conseguindo dessa forma envolver ativamente as pessoas de idade. A nossa recomendação foi a de que é necessário promover também formas de envolvimento em atividades não diretamente relacionadas com o mercado de trabalho.
No que diz respeito às sociedades europeias, podemos afirmar que algumas sociedades estão muito bem; os países escandinavos conseguem manter um elevado nível de envolvimento no que se refere ao emprego das pessoas de idade, e são, ao mesmo tempo, capazes de criar atividades não relacionadas com o mercado de trabalho.
Os países do sul da Europa são, tradicionalmente, muito orientados para a família. Daí que se encontre nesses países outro tipo de atividades, de carácter social, muito relevantes em Portugal, Espanha e Itália. Mas o que se perde são as oportunidades de um emprego mais longo. Um tipo de emprego que pode ajudar as pessoas a equilibrar as suas responsabilidades em casa, ao mesmo tempo que prestam um serviço a um empregador. Um emprego que teria que ser proporcionado em moldes “amigos” das necessidades do envelhecimento da força de trabalho, ao mesmo tempo que teria que atender às necessidades de saúde específicas dessa faixa etária.
Temos que imaginar como nos veremos na nossa vida. Em que mundo queremos envelhecer daqui a 20, 30 anos? Que aspectos positivos queremos na nossa sociedade, para que, daqui a 20, 30 anos, quando envelhecermos, os possamos desfrutar. E, para que isso aconteça, é melhor começar a investir na saúde agora; para começar a colher benefícios e desfrutar de uma vida mais longa em contacto com os netos, os amigos, a família e, dessa forma, viver uma longevidade saudável e não apenas mais anos.
Precisamos ainda de começar a pensar em como as práticas laborais necessitam de mudar, para que, no futuro, aqueles que tenham restrições de saúde, mas que ainda assim possam  praticar actividades produtivas e úteis, possam usufruir de oportunidades ajustadas às suas necessidades e aspirações.
A longevidade não é um desastre. Se a prepararmos, uma longevidade saudável é uma oportunidade para sermos capazes de beneficiar, por muito mais tempo, do fato de fazermos parte de uma humanidade que, hoje em dia, vive vidas mais longas e mais saudáveis. 
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FICHA TÉCNICA

PARCERIA
Fidelidade – Companhia de Seguros

PARCERIA CIENTÍFICA
Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (IST)
Nova SBE Health Economics and Management KC

CONSULTORES CIENTÍFICOS
Arlindo Oliveira (IST)
Joaquim Sampaio Cabral (IST)
Pedro Pita Barros (Universidade Nova de Lisboa)

CURADORIA
Liliana Coutinho
Joaquim Sampaio
Pedro Pita Barros

PARCEIROS MEDIA
SIC Notícias
Público
Antena 1
Jornal de Negócios

ENTREVISTAS E EDIÇÃO
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EDIÇÃO E REVISÃO CONTEÚDOS
Catarina Medina
Maria João Santos

TRADUÇÕES
Paula Tavares dos Santos

VÍDEO E SOM
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CONCEITO COMUNICAÇÃO
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FOTOGRAFIA
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