13 OUT
DIA ESTUDANTE

Abrimos as portas da Culturgest aos alunos do ensino superior.

Filmes, concertos, conferências, exposições e visitas aos bastidores com acesso gratuito para vivermos e pensarmos cultura, questões ambientais, decoloniais e de género.

DIA ESTUDANTE
13 OUT 12:00 > 22:30

PROGRAMA

GRATUITO para alunos do ensino universitário
*sujeito à lotação e mediante levantamento de bilhete no próprio dia a partir do 12:00

Artes Visuais x
SAMSON KAMBALU
12:00 > 21:00
Galerias

Artes Visuais x Visitas guiadas x
SAMSON KAMBALU
16:00, 17:00, 18:00
Galerias

Livraria x
FEIRA DE LIVROS DE ARTE
12:00 > 19:00
Foyer entrada

Visitas guiadas x
BASTIDORES EXPOSIÇÕES
Visita às reservas da Coleção de Arte da CGD 15:30 | 16:30 | 17:30 
Reservas da Coleção CGD

Teatro x Conferências e debates x
BRUNO LATOUR E FRÉDÉRIQUE AÏT-TOUATI
com conversa pós-espetáculo com Frédérique Aït-Touati, Liliana Coutinho e Odete
19:00
Grande Auditório
 

Cinema x
ISABEL COIXET
16:30 Elisa e Marcela 
21:00 A Minha Vida Sem Mim
Pequeno Auditório

Música x
NORBERTO LOBO
21:30
Anfiteatro ao ar livre 

Feira de livros de arte: descobrir a livraria da Culturgest

Livraria x
FEIRA DE LIVROS DE ARTE
15:00 > 19:00
Foyer entrada

A Livraria da Culturgest é um espaço de referência especializado em arte contemporânea, com uma cuidada selecção de monografias de artistas, catálogos de exposições e alguns dos autores obrigatórios nos campos da teoria, história e crítica de arte. E porque organizámos este dia para dar a conhecer melhor o que fazemos a todos os estudantes, os que nos visitarem terão um desconto de 50% nas publicações produzidas pela Culturgest.

"Quando pesquisamos a fotografia, descobrimos que, na verdade, há ali subversão, porque naquela época, em 1914, era proibido que os africanos usassem chapéus perante os brancos.”

Artes Visuais x
SAMSON KAMBALU
12:00 > 21:00
Galerias

Artes Visuais x Visitas guiadas x
SAMSON KAMBALU
15:00, 16:00, 17:00, 18:00
Galerias

O malawiano Samson Kambalu, recém vencedor do Quarto Plinto (Trafalgar Square, Londres), um dos prémios de arte pública mais famosos do mundo apresenta a sua primeira exposição em Portugal, na Culturgest.

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A escultura Antelope, de Samson Kambalu, projeto vencedor para estar em exibição no famoso pedestal da Trafalgar Square, em 2022, é uma reconstituição de uma imagem da era colonial. Retrata uma fotografia de 1914 do padre da Igreja Baptista, John Chilembwe, e do missionário europeu John Chorley.

Samson Kambalu refere que a fotografia original, na qual se baseou para fazer a escultura, o inspirou pela "aparência comum" que tem à primeira vista, “mas quando pesquisamos a fotografia, descobrimos que, na verdade, há ali subversão, porque naquela época, em 1914, era proibido que os africanos usassem chapéus perante os brancos”.

Na escultura, Chilembwe tem uma escala enorme, enquanto Chorley tem tamanho natural. O júri referiu que, ao aumentar a escala, o artista elevou Chilembwe e a sua história, revelando as narrativas ocultas de pessoas sub-representadas na história do Império Britânico em África e não só. Sobre o Quarto Plinto, Samson refere que a sua proposta seria “sempre um teste do quanto pertenço à sociedade britânica como africano e cosmopolita, e isso enche-me de alegria e entusiasmo, e quis propor algo significativo para mim, como um africano”.

O Quarto Plinto é, provavelmente, a comissão de arte pública mais famosa do mundo e o prémio de escultura contemporânea mais importante do Reino Unido. Financiado pela Câmara de Londres (London City Hall) e apoiado pelo Arts Council England, são convidados artistas de renome mundial para criação de obras, para apresentação na Trafalgar Square.

Situado naquela praça, no centro de Londres, o quarto plinto foi originalmente planeado para ter uma estátua equestre do Rei Guilherme IV, mas permaneceu vazio por falta de fundos. Durante mais de 150 anos, o destino do plinto foi debatido. Em 1994, Prue Leith, então presidente da Royal Society of Arts, escreveu uma carta ao jornal Evening Standard sugerindo que algo deveria ser feito a respeito do pedestal vazio em Trafalgar, o que gerou um grande debate público. Cinco anos depois, recebeu a primeira obra de arte, Ecce Homo, de Mark Wallinger.

Desde então, o programa Quarto Plinto tem vindo a convidar e nomear diversos artistas de renome mundial, tendo um grande interesse público e uma legião de seguidores tanto no Reino Unido como em todo o mundo, tendo sido ocupado até hoje por artistas como Heather Phillipson, Michael Rakowitz, David Shrigley, Hans Haacke, Yinka Shonibare, entre outros.

Para além de Samson Kambalu, é também vencedora a mexicana Teresa Margolles, com a obra 850 Improntas, um "anti-monumento" com moldes dos rostos de centenas de pessoas trans, que será apresentada em 2024, na Trafalgar Square.

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 © James O Jenkins © James O Jenkins
 © James O Jenkins

Afinal o que podemos encontrar nas Reservas de uma Coleção de arte? E como acontece a montagem de uma exposição?

Visitas guiadas x
BASTIDORES EXPOSIÇÕES
Visita às reservas da Coleção de Arte da CGD 15:30 | 16:30 | 17:30 
Duração: 30 a 45 min
Lotação: 8 pessoas por visita
Reservas da Coleção CGD

Neste dia abrimos portas às restritas Reservas da Coleção, onde entre pintura, desenho, escultura, fotografia, vídeo e instalação, iremos descobrir como a equipa da Culturgest guarda e cuida das cerca de 1800 obras de arte que atualmente constituem a Coleção de arte contemporânea da CGD. 
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo
© Vera Marmelo

“Caminhando para um colapso político e ecológico sem paralelo”, por via da crise climática.

 

Teatro x Conferências e debates x
BRUNO LATOUR E FRÉDÉRIQUE AÏT-TOUATI
19:00
Grande Auditório

Conferências e debates x 
CONVERSA PÓS-ESPETÁCULO
Frédérique Aït-Touati, Liliana Coutinho e Odete
20:30
Grande Auditório

A seguir à conferência-performance terá lugar uma conversa entre Frédèrique Aït-Touati, Liliana Coutinho e Odete, artista residente BoCA no biénio 2021-2022. 

Frédérique Aït-Touati

"A felicidade é fatal diante das câmaras. A tristeza e a solidão resultam muito melhor."

Isabel Coixet

Cinema x 
ISABEL COIXET
16:30 Elisa e Marcela 
21:00 A Minha Vida Sem Mim
Pequeno Auditório

A realizadora catalã Isabel Coixet é uma pioneira na luta pela paridade de género na indústria cinematográfica, tendo sido uma referência no seu próprio país, onde abriu alas para a entrada em cena de um conjunto de novas cineastas. A 17ª edição do FEST – Novos Realizadores | Novo Cinema acolhe a autora Catalã Isabel Coixet, um dos expoentes máximos do Cinema contemporâneo do país vizinho.

Trailer Elisa e Marcela - sessão 16:30
Trailer A Minha Vida Sem Mim - sessão 21:00

"Norberto Lobo é – primordialmente – um guitarrista cujo trabalho tem vindo a revelar uma minúcia, sentido de descoberta e criatividade inesgotáveis ao longo de diversos álbuns e inúmeras aparições ao vivo.”

Música x
NORBERTO LOBO
21:30
Anfiteatro ao ar livre 

Mudar de bina, Norberto Lobo (2007)

A ESCOLA COMO LUGAR DAS UTOPIAS

A minha “indisciplina” começa agora. Propõem-me um artigo, escrevo-lhe uma carta. Talvez prefira a ilusão de proximidade que a escrita e o tom intimista despertam. Ou talvez possua na realidade um elo vital, visceral, com o tema que constitui o objeto desta pequena reflexão, a escola e o ensino. 

Não me é possível ser professora sem conceber a Educação como a esperança em ação e a Escola como lugar de não lugares, ou seja, de criação de utopias. 

Aprecio a “Scholé”, sinónimo do tempo de lazer ou lugar de ócio e pergunto: Qual é o lugar, o tempo, a ação da escola, dos alunos, dos professores, dos pais e da comunidade civil?

A escola não é o edifício arquitetónico, não é uma fábrica, é o espaço e o tempo da criação, da autonomização e da humanização.

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Desaloje-se a escola do seu espaço, tempo e ensino tradicionais e realizem-se aprendizagens ativas na comunidade civil, por exemplo, no parque, no museu, no cinema, no lar, ou na loja do sapateiro.  

Vou falar-lhe de um projeto que dinamizo de forma colaborativa, designado “Filosofia com Cinema”. A sua divisa consiste em “educar o olhar para ampliar o pensar, o sentir, o imaginar e o agir”. Começou na Escola Secundária de Amarante mas foi ganhando exo-esqueletos com iniciativas plurais, como a “Filosofia com Cinema para Crianças” na Escola EB n.º 2 de Amarante ou com o Clube de Cinema “Juventude Cinéfila” na Casa da Boavista, residência Sénior.  

Imagine o quão assombroso e inaugural é deixar-se surpreender por um filme, escutando-o mas interpelando-o, descobrindo-o e descobrindo-se a si e aos outros num movimento dialético do aprimoramento do pensamento e da ação individual e coletiva. Um aluno-filósofo que convoca o professor, também ele ávido por se aperfeiçoar e, portanto, um eterno aprendiz. De dentro para fora do filme, o grupo turma abre-se à comunidade civil e contribui para a resolução de problemas que ela coloca, esbatendo-se assim o divórcio entre as comunidades educativa e civil.  Mediante a partilha intergeracional de alunos e professores de várias instituições potencia-se o exercício de uma cidadania ativa.

Já reparou que no terreno da educação se renovam continuadamente as nomenclaturas mas que estas não implicam, de per si, práticas inovadoras?   O velho mascara-se amiúde de novo e, paradoxalmente, algumas práticas antigas defendidas pelo “Movimento da Escola Nova” permanecem jovens.

Fico a pensar se a “ocupação plena dos tempos letivos na escola” não advirá de uma necessidade de apropriação e de controlo do tempo cronológico. Como recuperar o tempo aiónico na escola e na vida? E como seria se as disciplinas se indisciplinassem e colaborassem entre si sem hierarquias?

Caro leitor, conheço alguns professores e alunos extraordinários, curiosos, proativos e com projetos inovadores, mas admito que me crescem pequenas utopias. Imagino uma escola onde todos os que a habitam têm uma voz. Uma escola, inserida numa sociedade justa, onde nenhum aluno necessita de recorrer à ação social escolar e nenhum professor é exilado da área da sua residência para exercer a sua paixão. Uma escola libertada das ditaduras do tempo cronológico e dos exames concebidos como únicas metas do ensino e da aprendizagem. 

Caro leitor, permita-me imaginar a sua casa como a primeira e a mais duradoura escola, aquela que resistirá a todos os tempos e a todas as idades. Uma escola-berço de conhecimentos, de experiências e de afetos.  Compreenderá, agora, que tem um papel decisivo na reinvenção da educação e na práxis da humanização. 

Despeço-me, mas se um dia quiser partilhar comigo as suas utopias afianço que o receberei de bom grado na minha escola que afinal também é sua.

Amarante, 20 de setembro de 2021


Elsa Cerqueira*

 

* . "A ESCOLA COMO LUGAR DAS UTOPIAS" é a proposta de reflexão de Elsa Cerqueira, eleita Professora do ano de 2021.

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