Como manter-se em movimento, quando as condições sociais e políticas paralisam a sociedade como uma névoa sufocante? Quando o ódio cria desunião e antagonismo? Quando conceitos como democracia e solidariedade perdem o seu significado? A eleição massiva de Bolsonaro deixou muitos perplexos, mas não surpreendeu Bruno Beltrão. A sua última coreografia, Inoah, apresentada na Culturgest em 2018, já tentava dar corpo às contradições violentas que dilaceram a sociedade brasileira.
Tensa como uma tempestade, a batalha de dança urbana que Beltrão coloca em palco testemunha da condição do seu país, entre encontro e confrontação, hostilidade e solidariedade, agressão e intimidade. Nas últimas duas décadas, Bruno Beltrão tem revolucionado a dança Hip-Hop, misturando estilos e posturas da dança urbana com princípios e técnicas da dança contemporânea. O resultado é um vocabulário de dança híbrido, marcado pelo virtuosismo e a velocidade dos movimentos, mas também pela engenhosidade das coreografias. A energia pulsante do Grupo de Rua tem encantado audiências em todo o mundo.