A escultura A consola (1973), de Artur Rosa, é apresentada no contexto da exposição “Helena Almeida / Artur Rosa: Juntos”, com curadoria de Miguel von Hafe Pérez, patente no CAV – Centro de Artes Visuais, em Coimbra, entre 28 de junho e 7 de setembro de 2025. Esta obra exemplifica a investigação plástica e espacial que Artur Rosa desenvolveu ao longo da sua carreira, cruzando os domínios da arquitetura, escultura e artes gráficas. A obra revela afinidades com a Op Art e o Minimalismo, movimentos que referem a sua abordagem à repetição, ao ritmo e à perceção ótica.

De pequena escala, A consola articula dois elementos contrastantes: um volume vertical, monolítico e estático, que ancora a composição no espaço; e uma estrutura horizontal, modular e dinâmica, que sugere transformação e expansão. Esta relação entre estabilidade e movimento, entre massa e leveza, convoca uma leitura arquitetónica da escultura, aproximando-a de uma maquete funcional — como a de um guindaste — e sublinhando o seu caráter conceptual e projetual.

Artur Rosa, nascido em Lisboa em 1926, formou-se em Arquitetura (1949-1957) na Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e desenvolveu uma prática multifacetada que inclui projetos arquitetónicos emblemáticos, como a Estação de Metropolitano do Terreiro do Paço (Prémio Valmor, 2007), em Lisboa, e o Museu Leopoldo de Almeida, nas Caldas da Rainha. Paralelamente, produziu escultura para o espaço público em Lisboa, nomeadamente: Fundação Calouste Gulbenkian e Avenida Visconde Valbom. Também realizou trabalhos de cenografia para o Ballet Gulbenkian e Teatro Experimental de Cascais (TEC). A partir da década de 1970, optou por uma presença mais discreta no meio artístico, concentrando-se na arquitetura.

A presença de A consola nesta exposição permite reavaliar a importância da sua obra escultórica e o diálogo que estabelece com a produção artística da sua companheira, Helena Almeida (Lisboa, 1934 – 2018), num contexto de cumplicidade criativa e partilha estética.

Hugo Dinis