Quem tem direito a definir o que são os direitos humanos? Não há uma resposta fácil. As ideias sobre o que está certo ou errado no modo como as pessoas se organizam e inter-relacionam variam muito de cultura para cultura, e a possibilidade de uma comunhão de valores é tão mais difícil quanto mais se tenta alcançar uma “universalidade”. A escolha de um grupo de pessoas que possa definir os direitos humanos coloca um problema de representatividade e, no que toca à representação das minorias, evidencia os limites da própria democracia. Para além disso, os limites do que se considera “humano” levantam dúvidas, na medida em que deverão considerar-se direitos de outras entidades diretamente implicados na ação humana. A mala voadora propõe-se recuar até ao fim da Segunda Guerra Mundial para revisitar as discussões que, no seio das Nações Unidas, deram origem à Declaração Universal dos Direitos Humanos. Um grupo de atores reúne-se numa assembleia onde recria essas discussões, de acordo com o descrito nas respetivas atas e verbatins. Progressivamente, as intervenções dos representantes dos diversos países irão transformar-se em música, em busca de uma redenção para a História, nos sons das palavras.