Para Matthew Herbert há sempre uma razão para tudo acontecer. E quando não há, cria-se uma. É com este determinismo forçado que o músico inglês se lança aos desafios — muitos conhecerão as suas obras feitas com sons provenientes da explosão de uma bomba, das várias etapas da vida de um porco ou de 3500 pessoas a morderem uma maçã ao mesmo tempo. Album in a Day (Um Álbum num Dia) é uma série na etiqueta Accidental, do próprio Herbert, em que cada um dos passos, da gravação à mistura final, tem apenas um dia para ser feito.

Também Drum Solo aconteceu assim, de um salto de fé, acreditando no processo. Julian Sartorius, baterista importante da cena europeia do jazz, com discos na Intakt ou Clean Feed, é o responsável por iniciar o diálogo. Depois, tudo o que Herbert faz brota dos sons de Sartorius. Às vezes eles dão-nos techno rarefeito e frenético, outras vezes uma drum battle épica, e noutras parecem discutir respeitosamente o silêncio. Sem plano, e em tempo real, confiam no que um tem a dar ao outro. E veremos que em palco mais não será preciso para nos virar do avesso.