Como um idioma, a música de Tranqulizer não poderia pertencer a ninguém senão a Oneohtrix Point Never. Voltamos a ouvir relâmpagos de um passado cósmico, ecos de um arquivo de memória que se esboroa no tempo, algures entre o analógico e o advento do digital, ou talvez ambas as coisas ao mesmo tempo. Depois de uma longa discografia que propôs enormes e fabulosas possibilidades, Daniel Lopatin continua a refinar processos e a aprimorar resultados, parecendo fazer música fácil e sem gravidade, com uma irrequieta liberdade de rejeitar arquiteturas e formatos, em atos de abundância estética. Uma imparável criatividade que o faz ser fundamental para a criação das melhores bandas sonoras para TV e cinema, ou para garimpar em estúdio as ideias de artistas planetários como FKA Twigs ou The Weeknd, mas que — sorte tremenda, a nossa! —, insiste em querer mostrar-nos pessoalmente os seus discos, a sua música, numa sala, em cima de um palco; e, graças à genial arte de Freeka Tet, mostrá-la com imagens de igual arrojo e delírio.