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Uma conversa com Lia Rodrigues

Uma conversa com Lia Rodrigues

“Como dar visibilidade e voz ao que está invisível e silenciado?” Encontrada numa pequena apresentação de Fúria, esta questão poderá atravessar tanto a raiva e a cólera presente no mundo que essa peça manifesta, como o relevo dado à magia e às forças sagradas mediadoras entre o céu e a terra que irrompem em Encantado. É também uma pergunta que nos pode conduzir ao universo plural e diverso das pessoas e dos projetos artísticos e pedagógicos que se encontram no Centro de Artes e na Escola Livre de Dança da Maré, situadas na favela da Maré, no Rio de Janeiro. É ainda uma chave possível para considerar as condições atuais de circulação e de encontro com artistas do sul do mundo e ter em conta os desequilíbrios norte-sul no que diz respeito às condições de produção artística. Um convite também a acolher visões não eurocêntricas da estética, da história e do futuro do mundo. Nesta conversa com Lia Rodrigues, partiremos – sem nos limitarmos – desta constelação de temas que são tanto artísticos como políticos, e que habitam a obra desta coreógrafa.

Em 2009, na favela da Maré, no Rio de Janeiro, nasceu a Escola Livre de Dança da Maré, de uma parceria entre a Lia Rodrigues Companhia de Danças e a ONG Redes da Maré. A coreógrafa brasileira apresenta-se na Culturgest com dois espetáculos, Fúria e Encantado, e uma conversa.
© Sammi Landweer.

14 ABR 2023
SEX 18:30

Pequeno Auditório
Entrada gratuita*
Duração 2h

*com levantamento de bilhete 30 min. antes do início da sessão (sujeito à lotação da sala)

Biografia Lia Rodrigues

Lia Rodrigues nasceu em 1956 em São Paulo, Brasil, onde estudou Ballet Clássico e tirou o curso de História na USP. Em 1977, foi uma das fundadoras do grupo independente de dança contemporânea Andança, vencedor do prémio da APCA em 1978. Entre 1980 e 1982, trabalhou na Compagnie Maguy Marin, em França, onde participou da criação de ‘May B’, um dos mais celebrados espetáculos de dança contemporânea.

 

1) Lia Rodrigues Companhia de Danças

De volta ao Brasil, mudou-se para o Rio de Janeiro e fundou a própria companhia, Lia Rodrigues Companhia de Danças, em 1990. A companhia mantém a sua atividade o ano inteiro, dando aulas, repetindo o repertório, além de pesquisa e criação de novos trabalhos. No Brasil, apresentou-se em diversas cidades além de oferecer workshops. Apresentou os seus trabalhos em mais de 25 países. Mais detalhes no link sobre a história da companhia.

 

2) Curadoria, Produção e Jurada

Lia Rodrigues também desenvolveu atividades de produção e curadoria de exibições e encontros de dança.

* 1992 - Criou e dirigiu por 14 anos o mais importante festival de dança do Rio de Janeiro, o Panorama da Dança.

* 1998 – Coordenou o projeto "Dança na Quarta" da Universidade Gama Filho no Rio de Janeiro para mostrar trabalhos de artistas cariocas de dança contemporânea.

* 1998 – Exibiu "Memória em Movimento", em homenagem a três grandes nomes da dança nacional: Klaus, Angel e Rainer Vianna (em conjunto com o pesquisador e crítico de dança Roberto Pereira)

* 1998 – Foi uma das curadoras da exposição Caixa de Folia no Museu da República, no Rio de Janeiro, em comemoração ao 60.º aniversário da missão folclórica do escritor Mário de Andrade.

* 1999 – Dividiu a curadoria da exposição Coração dos Outros – Mário de Andrade, com mais de 40 mil visitas.

* 2000 – Criou o ‘Condomínio Cultural’ após recuperar um prédio histórico no Centro do Rio junto com a diretora de teatro Ligia Veiga.

* 2000 a 2002 – Foi coordenadora artística da Mostra BNDES Arte em Ação Social.

* 2002 a 2006 – Criou junto com a dramaturga Silvia Soter e em parceria com o Consulado da França no Rio de Janeiro o projeto ‘Cahier de Dance’, um lugar de encontro e intercambio entre bailarinos franceses e brasileiros.

* 2003 – Organizou o programa de dança do Rio de Janeiro para 12 dos maiores teatros e centros culturais franceses em preparação para o Ano do Brasil em França 2005.

* 2003 – Jurada do programa 'Mentor and Protégé' da Rolex Foundation

 

3) Colaboração com artistas visuais

* 1998 - Criação da performance para a retrospectiva Lygia Clark no museu Paço Imperial.

* 2001 - Performance para a obra ‘Teresa’ do artista Tunga no Centro Cultural Banco do Brasil.

* 2003 - Performance para a obra ‘TRou Rouge’ do artista Tunga no museu do Inhotim.

* 2005 - Performance para a instalação 'Laminadas Almas' de Tunga, no Espaço Tom Jobim, Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

 

4) Projetos na Favela da Maré

Desde 2004, Lia Rodrigues desenvolve atividades artísticas e educacionais na Favela da Maré, no Rio, em parceria com a ONG Redes da Maré. Dessa colaboração nasceu o Centro de Artes da Maré, aberto ao público em 2009, e lá a Escola Livre de Danças da Maré, inaugurada em 2011. O Centro de Artes da Maré é um espaço para criação, formação e difusão das artes e é também a sede da Lia Rodrigues Companhia de Danças. Nesse espaço a Companhia criou e estreou seus trabalhos “Pororoca”, “ Piracema” e “Pindorama” e realizou em 2009 , com o apoio da Fundação Prince Claus, o projeto “Nova Holanda – Novos Horizontes: dança para todos”, com aulas de dança gratuitas para moradores da Maré.

 

 5) Educação

Durante os 40 anos de atividade profissional, a coreógrafa articula formação e criação artística ministrando aulas, oficinas e palestras.

*1999 - Organizou aulas para professores de CIEPS em várias cidades do Brasil (São Luiz do Maranhão, Marabá, Catas Altas-MG, Paraoapebas) no projeto Escola que Vale da Fundação Vale do Rio Doce.

*2005 - Organizou aulas de dança em escolas de bairros populares do Rio de Janeiro para o projeto TIM.

*2005 - Foi professora convidada do Fórum Dança e do curso de coreografia do “Programa Gulbenkian de Criatividade e Criação Artística” ambos em Lisboa.

*2006 - Participou do projeto ‘Education Acts!’ do Tanzquartier em Viena, Austria.

*2007 - Foi uma das orientadoras de artistas no projeto residências da Fundação Gulbenkian, Lisboa.

*2009 - Foi professora convidada do programa ESSAIS de pós graduação da École Supérieure du Centre National de Danse Contemporaine de Angers, França.

*2011 - Foi professora convidada da escola PARTS de Anne Teresa De Keersmaeker, Bélgica.

*2012 - Professora convidada para os alunos do curso regular da École Supérieure du Centre National de Danse Contemporaine de Angers, França.

*2014 - Professora convidada e dirigiu a finalização do curso de formação avançada para alunos do PEPCC do Fórum Dança em Lisboa.

*2017 - Professora convidada do Fórum Dança de Portugal, onde ministrou aulas para os alunos do PEPCC e para o curso Dança e Comunidade.

*2017 - Fez o acompanhamento dos estudantes do programa de Mestrado (Master /Exerce) do ICI — CCN de Montpellier, França.

*2018 – Professora convidada da Freie Universität Berlin / Valeska Gert junto com a Akademie der Künste Berlin.

6) Prémios e intercâmbio

Desde 2018, Lia Rodrigues é uma artista associada do Théâtre National de Chaillot e do Le 104, ambos em Paris. Em 2005, ganhou do governo francês a medalha de Chevalier des Arts et des Lettres. Recebeu prémio da Fundação Prince Claus, da Holanda, em 2014, por seu trabalho artístico e social. Nesse mesmo ano foi agraciada com o AFIELD Fellowship por sua iniciativa no Centro de Artes da Maré. Em 2016, recebeu a premiação de coreografia da Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques [SACD]. No ano de 2017, recebeu o prêmio Itaú Cultural 30 anos na categoria Criar.

 

Cofinanciado pelo programa Europa Criativa da União Europeia no âmbito do projeto ACT – Art, Climate, Transition

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