Júlia Ventura

Júlia Ventura

1975-1983

Júlia Ventura

1975-1983

Curadoria: Bruno Marchand

O trabalho inicial de Júlia Ventura (Lisboa, 1952) constitui uma das mais poderosas reflexões que o contexto artístico nacional produziu sobre as questões da representação e sobre o impacto que os sistemas de disseminação da imagem contemporânea nelas desempenham. Dedicada aos primeiros oito anos de produção da artista, esta exposição reúne um corpo de trabalho que esteve perfeitamente sintonizado com os movimentos artísticos, sociais e intelectuais que, à época, se debruçaram sobre os fenómenos da comunicação e da significação com o intuito de revelar o modo como imagens, textos e outros signos são facilmente instrumentalizáveis a favor de uma padronização de comportamentos, identidades, valores ou expectativas.

Organizadas cronologicamente, as obras aqui presentes permitem-nos descobrir o modo como as alusões iniciais de Júlia Ventura a fenómenos da cultura de massas, como a moda, ou as incursões pontuais pelo campo da fotografia experimental deram rapidamente lugar a uma concentração da artista num conjunto estrito de recursos e estratégias autorreferenciais. Tendo no próprio corpo a sua matéria por excelência, e fazendo uso de uma ampla panóplia de (ora pequenas, ora grandes) variações de poses, gestos e expressões faciais, o trabalho de Júlia Ventura cedo se constituiu como uma crítica magistral à representação e à unidade simbólica da imagem.

As sete salas que compõem esta exposição dão a ver mais de vinte séries de trabalho da artista, entre fotografia, desenho, vídeo, texto e instalação, a maioria das quais permanecia inédita. No seu conjunto, estes trabalhos indiciam um percurso que, nos anos seguintes, se consolidou em torno das problemáticas da autorrepresentação e da ficção do próprio, as quais têm um eco fecundo nas discussões hoje em curso sobre temas de identidade e de género. Então, como agora, o que está em causa é a desconstrução do edifício retórico da imagem: pôr a nu os seus códigos e as suas operações latentes ao colocá-los ao serviço da representação de um sujeito-imagem em permanente devir, infinitamente reencenado, impossível de fixar, para sempre múltiplo e ambíguo.

© Vera Marmelo.
© Vera Marmelo.
© Vera Marmelo.
© Vera Marmelo.
© Vera Marmelo.
Revisitar é o verbo que usamos ao pensar no percurso expositivo de Júlia Ventura. Vamos ter a oportunidade de revisitar os primeiros anos de produção, o período florescente entre 1975 e 1983. O que é e não é… arte para Júlia Ventura? O Projeto Invisível encontrou um depoimento ao Museu Nacional de Arte Contemporânea, de 2021.
© Júlia Ventura, 1975.

18 MAI
– 29 SET 2024

Galeria 2
5€ (descontos)
Domingo preço único 1€

INAUGURAÇÃO (entrada livre)
17 MAI 22:00-24:00

VISITAS GUIADAS
SÁB 16:00

Com Ana Nunes
25 MAI

Júlia Ventura e Pedro Lapa
1 JUN

Com Maria Sassetti
29 JUN

Com Ana Gonçalves
20 JUL

Júlia Ventura e Vanda Gorjão
28 SET

HORÁRIO
TER-DOM 11:00-18:00

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