Enzo Cucchi é um dos mais determinantes artistas internacionais das últimas cinco décadas. O seu nome estará para sempre ligado ao termo Transavanguardia, neologismo com que o curador Achile Bonito Oliva batizou a arte neo-expressionista que despontava em Itália no início da década de 1980. Cucchi foi uma das referências incontornáveis desse movimento e a relevância das suas propostas valeu-lhe uma exposição individual no Museu Guggenheim de Nova Iorque, em 1986, quando tinha apenas 36 anos. Que essa relevância se mantenha hoje é um testemunho fiel da singularidade da sua obra e do quão fértil permanece o seu território nos dias que correm.

Em Mezzocane vemos uma seleção alargada das pinturas, esculturas e desenhos que cobrem quase duas décadas de produção. O modo como se apresentam é fruto de uma particular abordagem do artista ao espaço. Entendendo-o como uma pauta – um lugar de vozes e silêncios – as vizinhanças e as conjugações de obras são tão importantes quanto os espaços vazios entre elas. Mais do que as suas singularidades, é a experiência sequencial destas presenças, os diálogos e as tensões que criam entre si, que constituem o verdadeiro desafio que o artista nos lança.